Já a Competição Internacional 2, a única internacional que vi até ao momento,
convenceu-me. Começou com Tennis (Vladimir Dembinski), uma história muito
simples de um miúdo (Matei) que tem um jogo de ténis e é acompanhado e "encorajado" pelo seu pai. No jogo não acerta uma e farto das indicações do pai
fica subitamente com uma dor de barriga, na zona do apêndice. Vão ao médico que,
apercebendo-se da situação, diz que Matei precisa de dois meses de descanso do
ténis. Sem o pai ouvir, o médico diz ainda a Matei que depois disso ele está por
sua conta. Chegam ao carro e o pai diz que não confia no médico e que o vai levar
a outro. Simples mas muito boa. (Deve ter sido por isto que o meu pai só me foi ver uma vez jogar futebol).
De seguido veio o momento mais efusivo da sessão, com
Flamingo Pride, uma animação muito engraçada que gira à volta de um flamingo heterossexual,
o único, que se apaixona por uma cegonha. Muio bom. No ano passado vivi um momento parecido no festival com The External World. Tenho de ir ao Curtinhas mal possa!
No início da sessão, Caroline Deruas disse que teve durante
algum tempo receio de fazer este filme porque a responsabilidade era muito
grande. Disse também que o assunto é tabu em França e que na escola não
aprendem a verdadeira história. Como já tinha lido a descrição de Les Enfants
De La Nuit, pensei que seria mais um mítico filme em que uma francesa se
apaixona por um soldado alemão em plena II guerra mundial. Caroline,
no entanto, consegue algo diferente. Intenso, com o ritmo certo, com música que
encaixa bem, Les Enfants De La Nuit conta a história de Henriette
(Adèle Haedel), francesa que vive com o avô e cuja mãe faz parte da Resistência,
que se apaixona por Josef (soldado alemão) e que deixa para trás o seu grande amigo de sempre
Marcel (Arthur Igual, Petit Talleur,Curtas 2011). Este último acaba por trair a jovem que ama
desde sempre. O que podia ser banal acaba mesmo por ser surpreendentemente bonito
e trágico.
Sendo suspeito, porque gosto muito dos países da
ex-Jugoslávia, esta última curta encheu-me as medidas, tal como as três anteriores
afinal. Em Baggage o realizador Danis Tanovic explora o assunto guerra e pós-guerra através da viagem de Amir, que vive na Suécia com a mulher e
filho e que volta à sua terra natal para enterrar os corpos dos pais que,
segundo foi informado pelas autoridades, foram encontrados passados tantos anos
de terem sido assassinados. Contudo não foi este o caso e Amir acaba por descobrir o
que resta dos seus corpos mas através da ajuda preciosa de um amigo de
infância. Tem no entanto de pagar €5.000 para que lhes levem ao local. Muito
intensa, com as paisagens típicas que tanto aprecio e a trespassar pedaços
daquela cultura muito própria, esta curta demonstra um povo que ainda sofre
as consequências de uma guerra que está demasiado fresca.
primeira foto: Baggage
segunda foto: Les Enfants de La Nuit
primeira foto: Baggage
segunda foto: Les Enfants de La Nuit


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