01 março 2016

Doing it to Death, The Kills.

Os Kills decidiram marcar o dia do meu aniversário com o lançamento de um novo single, Doing it to Death. Apesar da temática mais sombria, parece-me que o gesto só lhes fica bem, de facto. Obrigado.

Uma das minhas duplas favoritas, os Kills vão em junho lançar Ash & Ice, sucessor de Blood Pressures (2011). A julgar pela amostra, e colocando de parte as coreografias estilo "quase" Beyoncé do vídeo, não me parece que este quinto álbum traga algum elemento verdadeiramente disruptivo. O que não é necessariamente mau.

19 fevereiro 2016

01 fevereiro 2016

The Wheel, PJ Harvey e o Kosovo.

A enorme PJ Harvey tem regresso marcado para este ano, com o album The Hope Six Demolition Project, e entretanto saiu o vídeo oficial para The Wheel. Na base da música e do vídeo, realizado por Seamus Murphy, estão duas viagens que a artista e o fotojornalista e produtor fizeram ao Kosovo. 

Esta não é a primeira vez que os dois trabalham juntos - já tinha acontecido na edição do livro The Hollow and the Hand (poemas de Harvey e fotografias de Murphy), nas 12 curtas metragens para Let England Shake, último album de estúdio de PJ Harvey, ou no inovador Recording in Progress. Para saber mais acerca de The Wheel cliquem aqui.
When I'm writing a song I visualize the entire scene. I can see the colors, I can tell the time of day, I can sense the mood, I can see the light changing, the shadows moving, everything in that picture. Gathering information from secondary sources felt too far removed for what I was trying to write about. I wanted to smell the air, feel the soil and meet the people of the countries I was fascinated with.                                   - PJ Harvey



The Hope Demolition Six Project sai em abril e foi inspirado nas viagens de Harvey e Murphy ao Kosovo, Afeganistão e Washington D.C., viagens essas que já tinham dado origem ao livro The Hollow and the Hand.

31 janeiro 2016

Um outro lado de Amália.

Não sou entendido nem me posso considerar um verdadeiro apreciador de fado, embora esporadicamente goste de o ouvir, em determinadas circunstâncias, ou de saber há vários anos a letra d' O Namorico da Rita, valha isso o que valer (obrigado pai por, entre outros, ouvires Amália ao sábado de manhã, quando era miúdo).

foto retirada de http://altamont.pt/cancao-do-dia-alfama-amalia/

Um destes dias a Zona Ribeirinha (TSF) recebeu Frederico Santiago, coordenador da edição discográfica de Someday, "um disco perdido em 1965 que nunca ficou completo". Durante a emissão, Santiago afirmou que Amália foi uma "cantora experimentalista, que passou a vida a experimentar coisas, passou a vida à procura de coisas novas"; que fruto dessa vontade acabou, não raras vezes, por abandonar alguns projetos; que "inventou uma maneira tão original de cantar que não tem rival, ninguém vai cantar o Summertime assim, nunca". No fundo, que Amália era "diferente, especial...".

Confesso que fui apanhado desprevenido ao ouvir Amália cantar clássicos da Ella Fitzgerald ou a Blue Moon e que tudo isto é muito giro. O álbum não é de fado, tem vários temas em inglês - All the Things You Are, Summertime, Can't Help Lovin' Dat Man ou The Nearness of You - e Amália é acompanhada por uma orquestra sinfónica. Vale a pena ouvir.

Nada disto não é fado, tudo isto é Amália.

12 janeiro 2016

Molly Nilsson.

"Your approach is quite admirable in that you write, produce, mix all your music as well create the artwork and distribution. Essentially, every aspect of your music is all you! What sparked your ambition to work in this way?
Well I'm just very driven when it comes to certain things and that in combination with my artistic pride and distrust in the industry just landed me there. But of course, despite all that I have had some amazing people surrounding me, inspiring me and encouraging me over the years.
Would you say that you always had that autonomous trait in you?
Yes, ask my teachers."
 Molly Nilsson, no the405

foto retirada de http://www.feadbaque.com/reviews/molly-nilsson/

A Molly Nilsson é uma artista sueca que vive em Berlim. Eu diria que a música da Molly, e neste caso tudo na música dela é mesmo dela, é eletrónica e é pop; será synth-pop com melodias que me tiram do sério; é também um som melancólico e é dos poucos casos em que realmente estou atento às letras, quando não me perco nas melodias e nas (poucas mas intensas) camadas de sons.

Como se pode deduzir do excerto da entrevista ao the405, a Molly criou a sua própria produtora, a Dark Skies Association, e tudo passa por ela - música, produção, mistura, packaging, promoção, digressões, papelada... Portanto tudo o que se ouve é o que a artista quer que se ouça, sem interferências. Isto tem um valor incalculável. Raramente dá entrevistas mas diz coisas muito interessantes. Desde 2007 que lança material, através da Dark Skies, e em setembro do ano passado lançou o seu sexto álbum, Zenith, onde se pode ouvir esta ode a 1995 (não será antes 1985?).


Ouvi Molly Nilsson pela primeira vez em Sarajevo, e logo ao vivo, no peculiar Mucha Lucha (thanks Elma!). Desde aí que não estou muito tempo sem ouvir These Things Take Time, álbum de 2008, que é uma das obras de arte que mais gosto. É mais sombrio e ao mesmo tempo mais romântico do que o que se ouve no vídeo em cima, a música é menos trabalhada, com uma produção mais rudimentar. Tem momentos mágicos como Hey Moon!, Wounds Itch When They Heal, Whiskey Sour, Poisoned Candy, ou (Won't Somebody) Take Me Out Tonight. Sente-se mais cada som e palavra. Tenho dificuldades em falar deste álbum porque não o consigo fazer com a devida justiça. Oiçam-no.



PS - a melhor música do John Maus, Hey Moon!, é na realidade da Molly, do These Things Take Time.