Podemos estar endividados até ao osso, podemos ter cá o FMI, podemos ter uma classe política de meter dó, podemos ter uma produtividade muito baixa (o que não significa que trabalhemos menos horas que os alemães, Dona Merkel), podemos estar demasiado politizados – aparentemente mais importante que pensar pela própria cabeça é termos quem pense e decida por nós; parece mesmo que temos de ser de um partido assim como somos de um clube de futebol e defender a nossa cor até à morte, mesmo que nem saibamos do que falamos – podemos estar a viver tempos anémicos (será de agora? Claro que não!), mas há coisas de que não nos podemos queixar. Diria até que em certos parâmetros estamos indiscutivelmente ao nível dos melhores. Não, não me estou a referir a mais uma conquista – se bem que de segunda linha – europeia a nível futebolístico. Estou a referir-me à música e aos festivais que por cá vamos tendo. No meio de tantos defeitos que podemos apontar a nós próprios, no meio de tantas queixas que podemos fazer ao nosso fado – já agora, também somos um povo que se queixa muito e pouco faz – não podemos, de forma alguma, queixar-nos dos espectáculos que por cá vamos tendo. Sabem quantos festivais de Verão vamos ter este ano em Portugal? Eu não, mas são muitos. Já viram a qualidade dos artistas que cá vão passar? Eu já, e é muita. Já repararam nos diferentes segmentos e nichos de música que vão ter cobertura só neste Verão? Já se deram ao trabalho de comparar os nossos festivais com festivais de outros países?
No sentido de demonstrar a grande quantidade/qualidade dos nossos eventos musicais podia simplesmente enumerar algumas bandas que por cá vão passar. Mas isso não ia ter piada alguma. Seria até enfadonho. Optei então por “fazer” um festival de três dias, baseado apenas em nomes que por cá vão estar neste Verão. Não querendo ferir susceptibilidades deixei de fora nomes como Interpol, Arcade Fire ou Pulp. É que não me está a apetecer ouvir nada disso.
Dia 1: Stooges, Grinderman, King Khan & the Shrives, Graveyard e Glockenwise.
Dia 2: Strokes, Radio Moscow, DFA1979, Crystal Stilts e No Age.
Dia 3: Primal Scream's Screamadelica, TV On The Radio, Blonde Redhead, Deerhunter e Vivian Girls.

4 comentários:
Sim senhor gostei especialmente da introdução...
E agora uma constatação: Tu és mesmo bom a escrever... Sim porque para quem estuda todo o dia e ainda ter tempo para este texto . . . é obra de mestre.
Obrigado. Se calhar é genético.
ps- só para que fique registado, estou neste momento a responder-te directamente da bilioteca da UM.
Feriste susceptibilidades 0.o
Lembrei-me logo de ti Brandão! Até pus primeiro Interpol :)
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