E melhor forma de me iniciar neste festival era impossível (o Marquesinho que o confirme). Ambiente impecável na piscina, ainda mais quando a senhora Fabulosa Marquise e Os Yeah tomaram de assalto aquele espaço com os discos de gente como Os Mutantes, Blondie, Animal Collective ou Ariel Pink, entre muitas outras coisas.
Estava-se tão bem na piscina que perdi os Long Way To Alaska que, confesso, queria ver. É que arrancar da piscina com música tão boa, com o calor que se fazia sentir, para ir para a outra parte do recinto era missão impossível, só ao alcance de um James Bond na sua melhor forma. Acho que esta foi provavelmente a única falha da organização – a piscina ”não deixou” muita gente ver os primeiros espectáculos dos palcos Milhões e Vice, que ficavam, obviamente, num recinto à parte da piscina.
Vamos por partes. Do Cavalheiro ficou-me na memória a Cold Blooded Old Times do senhor Bill Calahan (Smog) enquanto jantava. Os Appaloosa foram uma surpresa – Electro-pop belíssimo e bastante dançável, com óbvio cheiro a eighties, do programador alemão Max Krefeld e da cantora francesa Anne Marie. Impossível resistir a um “pézinho de dança”, quanto mais não fosse por contágio do show de dança oferecido pelo alemão.
Performance poderosíssima foi a dos Paus. A certa altura estavam oito braços a bater na bateria siamesa, que era apenas acompanhada por um baixo imponente e um teclado "meio-psicadélico", além de uns coros. E mais instrumentos só iam atrapalhar. Percebe-se perfeitamente por que razão abriram para Health. Vi Mark E. Smith e companhia (Fall) sentado na relva… e gostei. Não foi nada do outro mundo mas foi eficaz e bom q.b.. De seguida El Guincho trouxe os seus ritmos exóticos que, com o calor que estava em Barcelos, transportou a assistência para um lugar mágico de um qualquer país tropical. E de facto na assistência houve de tudo, desde o “comboinho”, ao “lançamento” de bolas de sabão até aos foguetes que se usam nos bolos de aniversário. Uma verdadeira festa em que o ponto alto ficou para o fim com Antillas.
No dia seguinte, Domingo, lá passei pela inevitável piscina antes de ver os espanhóis Extraperlo. Foi uma boa performance daquela pop que nos faz sentir mesmo bem, a fazer lembrar os Fool’s Gold. Estes espanhóis foram mais uns que saíram prejudicados pela piscina e que, assim, actuaram para pouca gente.foto da Sara
Toro Y Moi (Chazwick Bundick) era um dos artistas que mais ansiava por ver. Foi o momento mais chill do dia. Chaz, acompanhado por bateria e baixo, espalhou magia e dream-pop em Barcelos, apesar de a sua voz estar com um volume muito baixo. Minors, Blessa ou Talamak não faltaram à chamada. O baixo, que marcou a diferença, para melhor, em relação ao álbum, e a “caixa mágica” de Chaz fizeram qualquer coisa ao ar já quente que se fazia sentir em Barcelos que alterou o estado de espírito de quem não fica indiferente ao som de Toro Y Moi. Diz que é Chillwave…
No palco Vice subiu ao palco o duo Za! – completamente dementes e muito bons tecnicamente, o que dá um resultado brutal. Muita gente ficou com um what the fuck?! na cabeça depois desta demonstração explosiva de criatividade, loucura e falta de respeito pelas “regras” de como se fazer música. Antes dos Za!, os israelitas Monotonix deixaram tudo completamente de rastos.
O último espectáculo do palco Milhões (o Vice continuou activo noite dentro) coube aos Delorean. E que espectáculo! Se é impossível ficar indiferente a Subiza em disco, ainda mais impossível é resistir aos espanhóis ao vivo. Começaram com a Deli (ou a Seasun, já não sei), do Ayrton Senna EP, passaram pelas grandes Real Love e Stay Close e devo dizer que ao vivo as músicas ganham outra dimensão. Foi bonito de se ouvir e são senhores para conquistarem o Mundo qual Cristóvão Colombo. Era impossível fechar o maior palco deste festival de uma forma melhor. Já não deu para ver os Crystal Fighters, mas, ainda assim, voltei para casa muito satisfeito.
Que para o ano o Milhões se repita no mesmo local e lá estarei, com toda a certeza, mas desta vez todos os dias.
1 comentário:
Foi milhões de cool! (não consegui resistir ao trocadilho xp)
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