Os amigos Peggy Wang (teclado e voz), Kip Berman (guitarra e voz) e Alex Naidus (baixo), juntam-se na festa de aniversário de Peggy e dão um concerto, com a ajuda de um iPod, que faz a vez da bateria; The Pains Of Being Pure At Heart é o nome de uma história para crianças que nunca chegou a ser acabada.
Aparentemente poderá não haver ligação entre estas duas premissas. Porém, se substituir o iPod por Kurt Feldman e se eu lhe disser que um amigo do autor do conto, Kip Bergman, se aproveita do título deste para dar nome a uma banda de Brooklyn, chega-se a uma conclusão óbvia.
Foi assim que nasceram os Pains Of Being Pure At Heart (POBPAH). Estes quatro nova-iorquinos são genuínos e criam um som que está entre o shoegaze e o noise mas que é, sobretudo, pop. A guitarra e os sons distorcidos estão lá, assim como a “barulheira” típica dos dois primeiros géneros musicais, mas os POBPAH nunca perdem o rumo e conseguem manter uma melodia pop em cada música. De facto, os anos 80 estão presentes no primeiro álbum da banda - as parecenças com Jesus and Mary Chain ou My Bloody Valentine são perceptíveis - e “The Tenure Itch” podia ser perfeitamente uma música dos Smiths. Contudo, existe algo de diferente e único nos POBPAH. Talvez seja a honestidade das músicas e letras, a harmonia vocal entre Peggy e Kip ou a química existente entre os quatro – Kip diz que “bandas formadas por amigos soam melhor que as outras”. O que é certo é que já foram distinguidos pela Pitchfork como “Best New Music” e têm aparecido em todo o lado desde o início do ano – quer em revistas, quer na net, quer em espectáculos, eles não param e felizmente vêm a Paredes de Coura.
As letras são autobiográficas ou pelo menos baseadas em experiências vividas por cada um dos quatro habitantes de Brooklyn – “Contender” é fundamentada na relação de Kip com os Exploding Hearts (da forma como este pretendia ser como eles e se sentia um falhado por não o ser); “Come Saturday” conta a relação de longa distância de Kip com a sua namorada; outras são sobre relações de amizade ou sobre sonhos da adolescência – e todas elas têm algo de sincero e juvenil. Como diz Peggy Wang, “it’s all about teen confusion”.
O álbum homónimo dos POBPAH não tem músicas más ou menos boas, por isso torna-se praticamente impossível fazer algum destaque. Todas elas são melodias pop com uma dose de shoegaze e noise que as torna irresistíveis. É daqueles álbuns que se ouvem de princípio a fim e se carrega outra vez no Play.
*publicado no site da Upload Eventos
1 comentário:
Já tinha visto no UPLOAD! Muito bem escrito!
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